Fiel Entrevista Defederico 24/11/2009


24/11/09 - 14h00 ' Redação Corinthians.com.br '

Como foi sua infância na Argentina? Sempre pensou em ser jogador de futebol?Sim, desde pequeno. Comecei jogando por diversão, entretenimento, e foram passando os anos vi que teria condições para jogar. Com o passar dos anos fui me aperfeiçoando e, graças a Deus, estou hoje aqui no Corinthians.

Teve o apoio de seus pais?Sempre. Foi um fator importante para eu estar aqui hoje. Houve um momento em que havia deixado o futebol, não queria jogar mais, e foi minha família que me apoiou e falou: ‘Matias, continue treinando’. Foi um fator decisivo.

Qual o seu maior ídolo no futebol? Qual você admirava quando era criança? Thierry Henry.

Você chegou ao Brasil sendo comparado a Lionel Messi. O que acha desta comparação e, na sua opinião?Talvez um pouco tonta... Já que o Messi joga no Barcelona, é o melhor jogador do mundo e joga sem pensar em jogar, jogou sempre em um clube grande. Quando deixou de jogar na Argentina não era tão grande e não era de um clube tão grande como é o Corinthians aqui... Enfim, eu posso falar e falar, mas tenho que estar tranquilo e trabalhar e dar o melhor de mim a cada partida para o Corinthians.

Seu estilo de jogo se assemelha a de qual jogador? Difícil, né... Tenho que pensar... Há um jogador na Argentina chamado [Daniel] Montenegro, não sei se conhece, está jogando no América do México. Talvez, na Argentina, como ele começou no Huracán e eu estive lá desde pequeno, me comparavam por ser um pouco parecido com ele.

Como foi seu começo no futebol? No meu bairro, com amigos na rua, minha mãe me colocou em um clube e comecei a jogar. Foi o que eu falei antes, comecei por diversão, fui me especializando até que me chamaram para o campo. E aí, no Huracán, sempre no Huracán, foram passando os anos até que eu chegasse aqui.

Qual seu estilo de jogo? Prefere atuar de meia ou como segundo atacante? Onde a equipe necessitar. Na verdade, eu quero jogar todo o jogo. De meia, atacante, defensor, zagueiro, do que for. Mas sempre quero jogar, quero estar entre os 11 titulares. E onde o Mano decidir que quer que eu jogue, eu jogo.

O que mais o influenciou para sua vinda ao Corinthians? A presença do Ronaldo, sem dúvidas.

Qual foi sua sensação ao marcar seu primeiro gol pelo Corinthians?É a sensação de muita coisa... Na verdade, quando cheguei foi, não falo com uma pressão, não uma coisa importante, mas chegar com a ‘10’ do Corinthians nas costas, a pressão da torcida, da família, amigos... Todos os problemas que o clube enfrentou para a minha saída do Huracán... Era muita pressão para mim. Apenas cheguei a São Paulo e já era titular, depois fui para o banco. Depois o Mano me deu a possibilidade de atuar contra o Vitória como titular e pude corresponder. Foi um grande alívio.

Você acha que seu desempenho em campo melhorou após este gol? Sim, creio que me ajudou muito. Depois da partida contra o Vitória, tive a continuidade de titular, entre os 11 titulares, com mais minutos dentro de campo para poder mostrar um pouco do que sei. Contra o Vitória pude corresponder, contra o Palmeiras fiquei satisfeito por conseguir dar assistências. Depois, contra o Santo André, acho que foi uma partida mais regular. Diante do Avaí, não pelo resultado, porque perdemos, mas me senti um pouco mais solto e tive mais chances de passar pelos defensores. Estou me sentindo cada vez melhor.

Sabe que o gol sobre o Avaí foi dado para você...[Risos] É, olímpico!Como está sendo sua adaptação ao futebol brasileiro? Qual a maior diferença entre o futebol brasileiro e o argentino?Há muita diferença. A parte física... Eu sou pequeno de estatura e de corpo e isso me custou bastante. Na Argentina trabalhamos o físico também, mas aqui é muito mais. Porém com o passar das partidas estou me sentindo melhor.

Você vem passando por um processo de fortalecimento muscular. Em que acha que isso pode melhorar seu rendimento? A princípio, quando eu cheguei, se fazia muito treino em dois períodos, muito treino com peso. Agora aliviou um pouco com os jogos e eu me sinto muito melhor. Entendo que tenho que crescer em massa muscular, mas não me fazia bem. Não me sentia bem, tinha a sensação de estar muito pesado, cansado. Abaixaram a carga e me sinto muito melhor agora.

Você vê muita diferença entre as torcidas de futebol na Argentina e no Brasil? No estádio não. Aqui sempre estão lotados e lá também. Obviamente, uma equipe grande como River ou Boca, sempre. Talvez em uma outra equipe, não tão grande, não lota. A diferença maior é na rua, em como as pessoas te tratam. Por exemplo, outro dia fui comer no Mc Donalds e estava cheio de crianças. Eu não podia comer! [Risos] Cantavam meu nome, me pediam para levantar. Na Argentina isso nunca me aconteceu, aqui sim. Dentro de campo, bastante parecido.Mas o Corinthians tem mais torcida que o Huracán...Sim, mas se joga no Boca e vai ao Mc Donalds, por exemplo, não te param. Pedem autógrafos e fotos, sim. Mas que cantem seu nome, isso não acontece. Só aqui.

Qual sua opinião sobre a torcida do Corinthians? Maravilhoso! No Huracán, não digo que era um ídolo, mas era um dos melhores rendimentos do semestre passado. Nunca haviam gritado meu sobrenome como aqui e não ganhei nenhum título, joguei somente 10 jogos. Assim, sempre vou estar agradecido por isso. Entrar no campo e ver a torcida gritando meu apelido... [Fazendo sinais de arrepio] É formidável.

O que acha de Maradona como técnico da seleção argentina?Sempre acompanho a seleção. Não está passando um bom momento, mas entendo que lutar para ir ao Mundial. Maradona já jogou e ganhou um Mundial e creio que está tranquilo. Não há o porquê de exagerar com as coisas, pois tem jogadores para disputar bem e tem de se manter tranquilo.

Acredita que você tem chances de ir para a Copa de 2010?Acho muito difícil... Acho complicado jogar bem no primeiro semestre e que te convoquem para o Mundial. Talvez se fosse uma Eliminatória ou Copa América, aí talvez eu acreditaria um pouquinho mais. Mas o Mundial, com o elenco forte que tem a Argentina, acho muito difícil.

Pergunta clássica: Pelé ou Maradona?Maradona. [Risos] Óbvio. Para os brasileiro foi Pelé, mas para os argentinos, Maradona.

O que está achando de jogar no Corinthians? Estamos passando por um momento tranquilo. O Corinthians ganhou a Copa do Brasil, Campeonato Paulista... Quando eu cheguei já estávamos um pouco longe do primeiro colocado na tabela [do Brasileirão] e creio que estamos voltados mais para o ano que vem, preparar a equipe, conhecer os companheiros. Está tranquilo, mas não quero dizer que é jogar e mais nada. Cada jogo não tem igual, é ganhar ou perder. Aqui eu quero ganhar sempre.

Com qual jogador do elenco corinthiano você mais se identificou?Não sei se me identifiquei, mas gosto da maneira de jogar e da presença de campo do Edu. Eu era pequeno e assistia na TV quando ele jogava no Arsenal (Inglaterra), mas não me lembrava muito dele. Aqui, dentro do campo, é um jogador fundamental. Talvez quem está de fora não entenda direito, mas quem está lá sabe que é um jogador essencial para a equipe por sua experiência. Tem muita virtude que outros não têm.

E fora de campo?Por ser argentino, o Escudero. Saímos para jantar com as famílias.

Como é sua relação com Mano Menezes?Normal, como a de todo treinador com jogador. Vem me tratando muito bem, me ajudando, explicando e indicando o caminho sobre o porque jogava, ou porque não jogava. Vem sendo muito importante.

Com qual jogador você sonha em atuar um dia? Eu gostaria que viesse o Riquelme para o Corinthians. É um jogador que seria fundamental para equipe. É um cara que pensa, que carrega a bola e a equipe só teria a crescer com um jogador como ele.

Qual o seu jogo inesquecível?Um clássico na Argentina. Huracán contra o San Lorenzo, na Bombonera, e ganhamos por 1 a 0. Foi disputado lá por segurança. Para nós, podíamos perder em todas as outras rodadas, mas ganhar essa partida foi minha maior emoção na vida. O Huracán voltou a vencer [o rival] depois de oito anos como visitante, pois jogamos como visitantes na Bombonera. Toda a torcida estava a favor do San Lorenzo e saímos com o 1 a 0.

2010 é o ano do centenário corinthiano. Quais suas expectativas para a temporada que vem? Igual à de todos, não? Ir bem na Libertadores, tentar ganhá-la. Sabemos que é um campeonato muito difícil, com as melhores equipes da América. Mas o Corinthians está armando uma equipe para poder sair campeão e vamos tratar de lutar para que a torcida fique feliz.


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